quarta-feira, 29 de dezembro de 2010



CENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA
Vultos da República
11º. Artigo


António Luciano Aresta Branco nasceu no ano de 1862 na vila de Amareleja concelho de Moura, filho de António Aresta Jorge e de sua mulher Pulquéria Branco. Foi jornalista, político, médico, deputado, Governador Civil e Ministro da Marinha. Em 1884, com 22 anos de idade trabalhava numa farmácia da cidade de Beja. Iniciou os seus estudos tardiamente terminando o curso dos liceus em apenas três anos. No ano de 1887 vem para a cidade de Lisboa onde cursou e concluiu com brilhantismo o curso de Medicina na Escola Politécnica com apenas trinta e dois anos. Durante os estudos, fez jornalismo e dedicou parte do seu tempo a actividades académicas e políticas. Enquanto escritor, adoptou o pseudónimo de “Emílio”; de muito novo foi deputado no tempo da monarquia e logo após as constituintes. Implantada a República foi nomeado Governador Civil de Beja, entre 5 de Outubro de 1910 e 4 de Julho de 1911. Com o desmembramento do Partido Republicano Português, no ano de 1911, foi fundador com Brito Camacho e António José de Almeida do Partido Unionista, assim como foi colaborador com as mesmas personagens no Jornal “A Pátria”. Esteve filiado no Partido Republicano Português, no Partido Unionista e no Partido Evolucionista. Casou com Maria Ana Lança da Fonseca de quem teve um filho. Em 1911 foi vogal do Conselho Superior de Administração Financeira do Estado. Foi Presidente da Câmara de Deputados por três legislaturas. No ano de 1915 assume-se como primeiro defensor dos produtores de lã, advogando a liberdade total e incondicional para as exportações. Foi Ministro da Marinha, na Presidência de Sidónio Pais, entre 11 de Setembro de 1917 e 7 de Março de 1918, vivendo a “Revolta dos Marinheiros” do quartel de Alcântara, que se amotinaram por se considerarem humilhados pelo facto de terem sido obrigados a desfilar desarmados na “Parada da Vitória”. Esta amotinação foi sanada no dia seguinte com a intervenção da artilharia a partir do castelo de S. Jorge, que entretanto tinha atingido o cruzador “Vasco da Gama”, que circulava no Tejo apoiando os revoltosos. Faleceu na cidade de Lisboa em Outubro de 1952 com a bonita idade de 90 anos.
F I M
Fontes: avozdaabita. com. ministros da marinha na república. Dicionário. Trechos avulsos.
Óbidos – Setembro de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas em 2010-12-29

Artigo 33
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda


CEM ESCUDOS

Duque de Saldanha

Chapa 3

Duque de Saldanha, insigne marechal do exército português, homem de Estado, do século XVIII e século XIX foi a personagem escolhida para figurar na frente da nota, em traje militar. Toda a elaboração desta nota, desde a encomenda do papel, ao fabrico das chapas originais, estampagem e aposição do texto, esteve a cargo da casa inglesa Waterlow & Sons Ltd., de Londres. Na frente da nota observa-se a estampagem calcográfica, a verde-escuro, do retrato do Duque de Saldanha de traje militar, de uma vista panorâmica da Praça dos Restauradores e trabalho de guilhoché em linha branca por toda a cercadura. O fundo é constituído por um desenho geométrico, impresso tipograficamente a duas cores. O verso da nota, também tem uma estampagem calcográfica, a verde-escuro, mas sobre fundo tipográfico simples, a uma só cor. O papel é de origem inglesa, e tem como característica principal a marca de água que, quando vista à transparência pela frente, apresenta por toda a superfície da nota a legenda Banco de Portugal. Dimensões da nota 169 x 102 mm. Foram emitidas 7 240 000 notas. Sucede que devido ao facto do aparecimento possível de perfeitas falsificações e à relativa pequena existência de notas de valores elevados no Banco, seria conveniente conservá-las em reserva. Mais tarde e considerando o facto destas notas transportarem o nome da casa que esteve envolvida num caso de graves implicações, para o erário público, foi deliberado em reunião do Conselho de Administração de 3 de Junho de 1932, que fossem queimadas sem ser emitidas.
Biografia:
João Carlos Gregório Domingos Vicente Francisco de Saldanha Oliveira e Daun, mais conhecido por Duque de Saldanha nasceu em Lisboa a 17 de Novembro de 1790, filho de João Vicente de Saldanha Oliveira e Sousa Juzarte Figueira, conde de Rio Maior e de sua mulher D. Maria Amália Carvalho Daun, condessa, filha do Marquês de Pombal. Foi um militar com excepcionais capacidades de chefia, com uma personalidade impulsiva e agressiva; político ambicioso que estava sempre ao corrente dos acontecimentos do seu tempo. Desempenhou diversos cargos, sendo Marechal general do exército, par do reino, conselheiro de estado efectivo, presidente do Conselho de Ministros, ministro da Guerra e ministro plenipotenciário em Londres, mordomo-mor da Casa Real, vogal do Supremo Conselho de Justiça Militar. Títulos nobiliários: 1º.Conde, 1º. Marquês e 1º. Duque de Saldanha.
No ano de 1805 matriculou-se na Academia Real da Marinha, distinguindo-se como um brilhante aluno, recebendo diversas distinções. Neste mesmo ano ingressou no Regimento de Infantaria nº. 1, com o posto de capitão e com a tenra idade de 16 anos. No ano de 1808, Portugal foi invadido e ocupado pelos franceses, sendo demitido. Junta-se à resistência, onde participa em diversas batalhas, uma das quais a do Buçaco, tendo desempenhado brilhantemente o seu papel de militar, sendo admirado pelos seus homens. Quando a guerra terminou, tinha o posto de tenente-coronel. No ano de 1814 casou com Maria Teresa Horan Fitzggerald, de origem irlandesa. No ano de 1815 é promovido ao posto de coronel e embarca para o Brasil como adido ao Estado-Maior. No ano de 1816 é recebido pelo príncipe regente D. João com as maiores distinções, nomeando-o cavaleiro da ordem de Cristo e comendador da Ordem de Torre Espada. Participou neste ano na campanha de Montevideu, onde mais uma vez se distinguiu. No ano de 1822, e porque os ventos de mudança soavam a independência, pediu a demissão dos cargos que exerceu até então no Brasil e partiu para Portugal. Mal desembarcou foi nomeado comandante de uma expedição militar que ia para o Brasil, o qual recusou, sendo de imediato preso no castelo de S. Jorge, no ano de 1823. Foi libertado alguns meses depois por ordem do rei D. João VI. Foi nomeado governador das armas do Porto, em Abril de 1825. No ano de 1826 é-lhe atribuída a pasta da guerra. No ano de 1827 pediu a demissão, por não concordar com determinados movimentos que estavam a suceder, a qual foi aceite, provocando o abandono dos cargos governativos e a partida para Londres. No ano de 1828 regressou ao Porto, para encabeçar a revolta liberal contra o governo de D. Miguel. Neste mesmo ano organizou uma expedição com cerca de 650 homens (emigrados liberais), para desembarcar na Terceira, a qual foi impedida por uma esquadra inglesa. No ano de 1833 regressou a Portugal juntando-se às tropas de D. Pedro, obtendo notáveis vitórias, sendo promovido ao posto de marechal. Alcançada a paz, tornou-se deputado e chefe de governo. A rainha D. Maria II nomeou-o embaixador em diversas cortes europeias. Desempenhou por quatro vezes o cargo de Primeiro Ministro em condições sempre pautadas pela instabilidade. Foi homem das artes, da ciência, autor romântico, filósofo, escrevendo vários tratados e livros. Ao longo da sua vida foi agraciado com comendas e honrarias militares. Possuía as seguintes honras: grã-cruz das ordens de Cristo, da Torre Espada, de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, de S. Tiago, e de S. João de Jerusalém; das seguintes ordens estrangeiras: S. Fernando, Isabel a Católica e Carlos III de Espanha; da Legião de Honra, de França; de S. Gregório Magno e da Pio IX, de Roma, de Ernesto Pio, de Saxe - Coburgo; de Leopoldo, da Áustria; do Leão, dos Países Baixos; de S. Maurício e S. Lazaro, de Itália; de Leopoldo, da Bélgica; de Alberto, o Valoroso, de Saxónia; do Salvador, da Grécia; da Águia Branca, da Rússia; cavaleiro da ordem do Tosão de Ouro, de Espanha, da Santíssima Anunciada, de Itália; condecorado com as medalhas do Buçaco, de S. Sebastião e de Nive; de 6 batalhas da Guerra Peninsular, da Estrela de Montevideu.
No ano de 1871 tentou um golpe de Estado conhecido pela “Saldanhada”, que terminou mal, por este motivo foi-lhe dado o cargo de embaixador em Londres, onde faleceu a 20 de Novembro de 1876.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia. História de Portugal de Manuel Pinheiro Chagas. Trechos avulsos.
Publicado no Jornal das Caldas em 2010-12-29.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

CENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA
Vultos da República
10º. Artigo


José Pereira de Sampaio (Bruno) nasceu na cidade do Porto a 30 de Novembro de 1857, filho de José Pais Sampaio, mação, proprietário de uma padaria que mais tarde veio a herdar. Foi escritor, ensaísta, jornalista e filósofo. Nasceu e cresceu num ambiente de fortes ideias liberais que em muito o influenciaram na formação do seu pensamento. Foi um tenaz combatente pelo ideário republicano. De tenra idade com 14 anos iniciou a sua actividade jornalística, adoptando o pseudónimo de “Bruno”, o qual permaneceu para toda a vida. Com 17 anos de idade, publicou o seu primeiro livro, “Análise da Crença Cristã”, suscitando uma onda de revolta e polémica na sociedade conservadora de então, devido ao seu conteúdo ser possuidor de ideias colhidas de Voltaire, Büchner, entre outros. Fez estudos preparatórios para Medicina no Instituto Politécnico do Porto, mas não os concluiu. Foi um acérrimo propagandista dos ideais Republicanos, e toda a sua obra influenciou de certo modo a cultura portuguesa. Frequentou tertúlias com outros notáveis de então, Júlio de Matos, Manuel Teixeira Gomes, Basílio Teles, etc., compartilhando os problemas políticos, onde os espíritos republicanos são evidenciados e enaltecidos. Fundou vários semanários, “O Democrata”, o “O Norte Republicano” e o diário “A Discussão”. Em 1886, coligiu uma série de ensaios sobre os modernos novelistas portugueses no volume “A Geração Nova”. No ano de 1890 elaborou em conjunto com Basílio Teles e Antero de Quental os estatutos da Liga Patriótica do Norte. Participou no ano seguinte na malograda Revolta Republicana de 31 de Janeiro, de cujo manifesto foi seu redactor, partindo para o exílio em Paris com João Chagas. Em França recebeu a influência de diversas personalidades como o pioneiro da aviação Santos Dumont, Benoît Malon e Jules Guesde, socialistas, e dos poetas António Nobre e Paul Verlaine. O seu exílio levou-o além de França, a Espanha e Holanda, provocando-lhe uma depressão que contribuiu para encaminhar as suas pesquisas na direcção do misticismo e do esoterismo, enveredando na literatura gnóstica judaica, na cabala e na ideologia maçónica. Regressou a Portugal no ano de 1893, publicando “As Notas do Exílio”. No na de 1898, publicou “O Brasil Mental”, onde desenvolveu uma acérrima crítica ao positivismo. Em 1902 publicou “A Ideia de Deus”, teve graves desavenças com Afonso Costa, abandonando a militância do Partido Republicano, mas continuando a escrever artigos de índole republicana como independente e crítico. No ano de 1909, foi nomeado director da Biblioteca Pública do Porto, cargo que manteve após a Proclamação da República. O pensamento filosófico de Sampaio Bruno influenciou profundamente Fernando Pessoa, que ainda se correspondeu com este, enviando-lhe no ano de 1915 o primeiro número de “Orfeu”, pedindo-lhe uma opinião. Escreveu mais obras que foram determinantes para a formação do pensamento republicano no início do século XX; 1)- O Encoberto, no ano de 1904; 2)- Portugal e a Guerra das Nações, no ano de 1906; 3)- A Questão Religiosa, no ano de 1907; 4)- Portuenses Ilustres, no ano de 1907; 5)- A Ditadura, Subsídios Morais para o seu Juízo Crítico, no ano de 1909; e 6)- O Porto Culto, no ano de 1912. Faleceu na cidade do Porto a 6 de Novembro de 1915, após uma intervenção cirúrgica a uma hidrocele.
F I M
Fontes: infopedia.pt Sampaio - Bruno; wikipedia.org/wiki Sampaio Bruno. Lello Universal.
Óbidos Setembro de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas em 15-12-2010


Artigo 32
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
O Papel-moeda

CEM ESCUDOS

Diogo do Couto


Chapa 2

O retrato de Diogo do Couto, um dos mais notáveis historiadores portugueses do final do século XVI e princípios do século XVII, também cavaleiro professo da Ordem de Cristo, dá a estampa àquela que foi a segunda nota de valor de cem escudos. As técnicas empregues para este tipo de notas foram a calcográfica e a tipográfica. Na frente o desenho reproduzido a talhe-doce, apresenta-se numa cor castanho-avermelhado, com trabalho de guilhoché, em linha branca. Sobre o lado esquerdo da nota, o retrato de Diogo do Couto de autoria e gravação de Armando Pedroso. O fundo de impressão tipográfica é formado por um ornato central policolor de linhas claras e, na restante superfície por linhas paralelas e pontos a violeta, verde-claro e sépia. O fundo do verso é impresso tipograficamente, com cores avermelhadas ao centro, rosa e verde-claro aos lados, com trabalho de guilhoché em linha cheia. A figura central é composta por uma vista do Palácio da Pena, em Sintra, e por um grupo de figuras aladas simbolizando a Literatura, a Arquitectura e a Pintura. As chapas são de fabrico inglês, cabendo à casa Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd., a sua fabricação, a impressão de fundos e a sua estampagem. O papel foi fabricado por Perrigot-Masure, Papeteries d´Arches (Vosges), mostra na frente quando visto à transparência no lado direito, a meio, um oval com uma cabeça alegórica, de perfil para o centro. Dimensões das notas 210 x 135 mm. Foram emitidas 4 245 000 notas com as datas de 31 de Agosto de 1920, 27 de Abril de 1922, 13 de Abril de 1926, 15 de Agosto de 1927 e 28 de Janeiro de 1928. Primeira emissão, 29 de Setembro de 1920 e a última emissão, 30 de Agosto de 1928. Foram retiradas de circulação em 31 de Dezembro de 1933.
Biografia:
Diogo do Couto nasceu em Lisboa no ano de 1542, protegido pelo infante D. Luís, filho de D. Manuel I, teve uma esmerada educação, estudou a disciplina de Latim e Retórica no colégio de Santo Antão e a disciplina de Filosofia no Convento de Benfica. Foi moço de câmara do rei D. João III. Historiador de renome, ficou conhecido pelas obras que escreveu, sempre presente e de cunho crítico relativamente ao que viu e viveu ao longo da vida. No ano de 1559 vai para a Índia onde contacta pela primeira vez com a realidade que se vivia então nesses territórios portugueses. No ano de 1569 e de regresso a Portugal, encontra o poeta Luís de Camões na ilha de Moçambique, carregado de dívidas e sem dinheiro para o regresso a Portugal, Diogo Couto e outros amigos disponibilizam-se para auxiliá-lo, para que desse modo pudesse apresentar na sua Pátria a sua maior obra “Os Lusíadas”. No ano de 1570 chega a Cascais a bordo de uma nau “Santa Clara”; tinha que obter autorização do Rei para entrar na barra do Tejo, pois esta encontrava-se encerrada devido ao surto de peste que aparecera na época na cidade de Lisboa. Após a recepção da ordem aí entrou. Por cá ficou durante cerca de três anos. Volta para o Oriente, onde casa, e aí, desenvolveu a actividade de cronista e guarda - mor da Torre do Tombo da Índia fixando-se em Goa. Uma das missões irmanadas do rei Filipe I para com Digo Couto foi a de prosseguir o trabalho das “Décadas”, iniciado por João de Barros. Escreveu as que vão da IV à XII, mas apenas foram publicadas as IV, V e VII no seu todo, um resumo das VII e IX, a VI segundo consta arderam na Casa da Imprensa, as VIII e IX foram roubadas, a XI perderam-se e XII foi publicada postumamente. Deu-lhes um cunho muito pessoal, dizendo que a história tem a obrigação e o dever de relatar “as verdades”, sem restrições de alguma espécie; acabou por sofrer imensos ataques e restrições, revelando com isenção, como a objectividade incomodava aqueles cujos antepassados estavam implicados nos factos narrados. Como se pode depreender esta obra sendo incómoda, foi profundamente censurada e escamoteada nas suas edições. Além destes trabalhos escreveu orações congratulatórias e comemorativas que proferia no Oriente, o relato do naufrágio da nau S. Tomé, e em especial, a crítica mais celebre foi o “Diálogo do soldado Prático”, em que crítica severamente o Estado da Índia, sobre administração portuguesa, onde denúncia a ambição da riqueza rápida por meios dúbios, o luxo exacerbado, a opressão para com os pobres e débeis e a deslealdade para com o soberano. Assistiu de bem perto à maneira como se procedia à colonização nos territórios portugueses no Oriente, os métodos utilizados de enorme crueldade, de abusos de autoridade, à corrupção, à violência e espancamentos, etc., isto tudo por ele foi denunciado, mostrando a sua verticalidade e honestidade no relato da história, que muitas vezes é arredondada em favor do bom, ou do sempre bom, escamoteando a sua verdade.
Faleceu em Goa a 10 de Dezembro de 1616.

F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Infopédia. Wikipedia. Trechos avulsos.
Óbidos, Fevereiro de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas em 15-12-2010

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

CENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA
Vultos da República
9º. Artigo

Basílio Teles nasceu na cidade do Porto a 14 de Fevereiro de 1866. Foi escritor, jornalista, professor, economista. Desempenhou um papel fulcral na propaganda democrática. Após a conclusão dos estudos primários e preparatórios, matriculou-se na Academia Politécnica e depois na Escola Médico-cirúrgica. No ano de 1875 abandonou o estudo alegando ter conflitos com um professor desta escola e os mesmos não terem sido ultrapassados. Dedicou-se ao ensino não universitário, leccionando as disciplinas de literatura, ciências naturais e filosofia, ao mesmo tempo que escrevia artigos para diversos jornais e revistas políticas e literárias. No ano de 1891, após os acontecimento do 31 de Janeiro, exila-se visto estar envolvido de certa maneira no movimento de insurreição, regressando do estrangeiro após uma amnistia. Foi um activista e fez parte do Clube de Propaganda Democrática do Norte onde teve uma prestação de serviços muito louvável. Foi membro destacado do partido Republicano, fazendo parte do Directório de 1897 a 1899 e de 1909 a 1911. Recusou pastas ministeriáveis, a das Finanças no ano de 1910 e a da Guerra no ano de 1915. Além dos seus escritos de índole filosófica, política e económica publicados nos jornais e revistas de Lisboa e do Porto, deixou obras de registo, que foram classificadas de elevado mérito e de grande alcance social “Carestia da Vida nos Campos”; Estudos Históricos e Económicos”; Introdução ao Problema do Trabalho Nacional; “Problema Agrícola (crédito e imposto)”e “ Do Ultimatum ao 31 de Janeiro”. Faleceu na cidade do Porto a 10 de Março de 1923.
F I M
Fontes: instituto-camões.pt/figuras públicas; Portugal dicionário histórico;
Óbidos Setembro de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas de 08-12-2010

Artigo 31
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda

CEM ESCUDOS
Pedro Álvares Cabral


Chapa 1

Para a primeira nota de cem escudos e na frente da mesma, foi escolhida a representação de um quadro alegórico da descoberta do Brasil, com a efígie de Pedro Álvares Cabral, exímio navegador e descobridor.
Na frente da nota está estampado o motivo principal composto por uma gravura com a ilustração de indígenas nus e semi-nus, com alguns enfeites na cabeça e na cintura, de expressivo conteúdo artístico de autoria de Eugène Mouchon representando a descoberta de terras de Vera Cruz. A gravação em chapa de aço foi efectuada pelo gravador do Banco de Portugal, Armando Pedroso. A gravura do medalhão com a efígie de Álvares Cabral, foi executada em Inglaterra pela firma Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd., de Londres, firma que também procedeu à elaboração das chapas para o fundo da frente e do verso e à respectiva estampagem da nota. Ainda na frente da nota, este motivo está estampado por calcografia, a azul-escuro sobre fundo de cores esverdeadas, amareladas, rosas e violetas. O verso da nota tem um fundo policromo formado por trechos geométricos de guilhoché, impresso por processo tipográfico em cores de amarelo e violeta ao centro, verde e rosa aos lados, e azul e castanho nas extremidades. Sobre o fundo e num tom mais forte sobressai a estampagem calcográfica da gravura central, que representa a partida de Pedro Álvares Cabral para o Descobrimento do Brasil, na presença do Rei D. Manuel I e parte da corte; e a representação de duas cabeças numismáticas colocadas em cada lado e voltadas para dentro. O papel foi fabricado por Perrigot-Masure, Papeteries d´Arches (Vosges), França, e tem como marca de água visto à transparência pela frente e na parte superior à direita o busto de Álvares Cabral. Dimensões da nota 209 x 130 mm. Foram emitidas 3 805 000 notas com as datas de 13 de Agôsto de 1918 e 5 de Fevereiro de 1920. Primeira emissão, 3 de Dezembro de 1918 e a última emissão, 24 de Dezembro de 1926. Foram retiradas de circulação em 7 de Abril de 1931.
Biografia:
Pedro Álvares Cabral nasceu em Belmonte pelo ano de 1467 filho de Fernão Cabral alcaide mor da mesma localidade e de sua mulher Isabel Gouveia; neto de Fernão Álvares Cabral, que fora guarda mor do Infante D. Henrique. Com 11 anos de idade muda-se para o Seixal, vindo a estudar em Lisboa as disciplinas de Literatura, História e Ciência (Cosmografia), além de aprender artes militares. Na corte de D. João II, entrou como moço fidalgo, aperfeiçoando-se em cosmografia e marinharia.
As experiências de navegação de Álvares Cabral ao que se sabe, foram adquiridas ao longo da costa norte de África. Após o regresso de Vasco da Gama da Índia, este fez o relato dos acontecimentos a el-rei D. Manuel I com a descoberta do caminho marítimo, relatando as dificuldades que ia encontrando pelo caminho, os naufrágios de algumas naus, a ausência de homens e material para de imediato se instalarem; o rei entendeu preparar uma poderosa armada que levasse até tão longínquas partes o nome de Portugal. Foi indigitado para comandar a esquadra Pedro Álvares Cabral, por incumbência de Vasco da Gama, que o indicara a D. Manuel I. A expedição era composta por 13 embarcações, (10 naus e 3 caravelas), sendo capitaneadas por Sancho de Toar, “ O Castelhano”, Simão de Miranda, Aires Gomes da Silva, Nicolau Coelho, companheiro de Vasco da Gama, Bartolomeu Dias, descobridor do cabo da Boa Esperança, Pedro Dias irmão de Bartolomeu, Gaspar de Lemos, Luís Pires, Simão de Pina e Pedro Ataíde Inferno. Compunham a expedição Aires Correia, como feitor da armada, e Gonçalo Gil Barbosa e Pedro Vaz de Caminha, como escrivães. Era capelão mor da armada Francisco Freire que ia acompanhado de outros frades para iniciarem à evangelização; na totalidade a expedição era composta por mil e duzentos homens. No dia 8 de Março do ano de 1500 pela tarde e junto ao ancoradouro de Belém é rezada uma missa solene a que assistiu o rei assim como toda a corte, após a qual, as embarcações devidamente apetrechadas largaram de Lisboa, rumo ao oceano. Passaram junto ao cabo Espichel e desapareceram a pouco e pouco no horizonte. Pelo décimo terceiro dia de navegação sem contrariedades de maior, passando junto às ilhas Canárias, acontece o primeiro naufrágio com uma das naus, prosseguindo as restantes doze oceano fora, afastando-se da costa africana e dirigindo-se para oeste. Esta mudança de rota, ficou a dever-se ao conhecimento e experiência vivida anteriormente por Vasco da Gama, está relacionada com a ausência de ventos, e com a intenção de fugirem às calmarias da Guiné. Álvares Cabral teve sempre a ideia e desde que largou de Lisboa a intenção de descobrir novas terras situadas para ocidente, tanto mais que as correntes traziam objectos de outras bandas que davam às costas nos diversos arquipélagos e eram de todo desconhecidos dos ilhéus. Um concelho dado por Vasco da Gama a Álvares Cabral consistia na navegação para mar alto, por conseguinte longe da costa africana, porque seria mais fácil dobrar o cabo da Boa Esperança. No dia 23 de Abril a armada passou na altura de Cabo Verde, no dia seguinte uma das naus capitaneada por Luís Pires desgarrou-se, não tendo a armada mais conhecimento do seu destino, algum tempo depois regressou a Lisboa. Navegando sempre para oeste, no dia 24, surgiu no horizonte uma montanha rodeada por outras e cobertas de arvoredo, com um aspecto viçosíssimo. Por essa altura, decorriam as festividades pascais, o que concorreu para que essa montanha tivesse recebido o nome de “Monte Pascoal”, devido às ideias devotas daquele tempo. Pedro Álvares Cabral deu o nome de terras de “Vera Cruz” àquela enorme terra situada no Atlântico Meridional, em cuja exploração costeira a armada demoraria cerca de 10 dias, terminando por atracar em Porto Seguro (Estado da Baía). Foi indescritível a impressão causada nos portugueses pelas deslumbrantes vistas das magníficas florestas virgens, povoadas de pássaros de muitas cores exóticas, enormes árvores e cipós pendentes destas, os aromas exalados da floresta, temperaturas amenas, noites calmas. As praias eram percorridas por indígenas nus de estatura elevada. Foram levados dois indígenas à presença de Álvares Cabral, que não se intimidaram pois tinham modos altivos e desdenhosos, como escreveu Pêro Vaz de Caminha, o autor do mais conhecido e impressivo documento relativo à Descoberta do Brasil. A 2 de Maio Pedro Álvares envia a Lisboa uma nau comandada por Gaspar Lemos afim de levar a notícia a el-rei D. Manuel, do descobrimento de terras de Vera Cruz, como baptizara, juntamente com a carta redigida por Pêro Vaz de Caminha. Álvares Cabral continuou a sua viagem para Oriente e na passagem do tenebroso Cabo viria a perder quatro naus, entre as quais a do comandante Bartolomeu Dias. Reduzia a metade a armada aporta em Moçambique, Quíloa e Melinde. As tentativas para estabelecer feitorias na costa de Malabar, traduz-se por um sucesso muito relativo. Não conseguiu fixar-se em Calecute, devido à oposição de comerciantes muçulmanos, o que resultou num assalto à feitoria portuguesa, à morte dos seus ocupantes, entre os quais a de Pêro Vaz de Caminha. Álvares Cabral ordenou de imediato e como represália o bombardeamento da cidade, e incendiamento dos navios muçulmanos ancorados no porto. Necessitando de se afirmar, cria vínculos comerciais com o reino rival de Cochim. Regressou a Portugal, apesar dos contratempos e das perdas de embarcações homens e bens, com apreciável quantidade de especiarias. A descoberta do Brasil de inicio não foi vista como um grande feito pois a ensombrá-la, ficou retido o pouco sucesso da expedição ao oriente, com perdas de homens e bens, da dificuldade de se estabelecer uma feitoria, apesar da quantidade de especiarias que trouxe. No ano de 1502 é convidado pelo rei para comandar nova expedição ao Oriente, o qual por desentendimentos com o monarca rejeitou a missão, sendo substituído por Vasco da Gama. Esta sua atitude valeu-lhe por parte do monarca um total abandono, nunca mais recebendo nenhuma missão oficial. No ano de 1503 casa com D. Isabel de Castro, sobrinha de Afonso de Albuquerque, deixando descendência. No ano de 1518 era Cavaleiro do Conselho Real, sendo ainda Senhor de Belmonte e alcaide-mor de Azurara. Faleceu na cidade de Santarém, esquecido, no ano de 1520, sendo sepultado na Igreja da Graça. No ano de 1903 parte dos restos mortais foram transladados para o Brasil, tendo sido depositados num jazigo da antiga Sé no Rio de Janeiro.
Na história da navegação portuguesa Álvares Cabral, destaca-se; 1º)- por ter comandado a maior frota até então da armada portuguesa; 2)- por ter sido o descobridor do Brasil; e 3º)- por ter sido o líder da primeira expedição que ligou os quatro continentes (Europa, América, África e Ásia).

F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia. Navegações portuguesas – Instituo Camões. História de Portugal de Manuel Pinheiro Chagas, 3º. Volume. Trechos avulsos.
Óbidos, Fevereiro de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas de 08-12-2010