quarta-feira, 21 de setembro de 2011







Artigo 71
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda
CINCO MIL ESCUDOS
António Sérgio






Chapa 1




A imagem do escritor António Sérgio (1883-1969) e outros elementos são os motivos salientes desta nota de Cinco mil escudos. O trabalho de elaboração das chapas e estampagem das notas foi da autoria da firma inglesa Thomas De La Rue & Cº. Ltd., Basingstoke, Hampshire, e as maquetas de autoria do arquitecto João de Sousa Araújo. A frente é composta por uma estampagem calcográfica, executada pelo sistema Giori, a três cores, com trabalho de guilhoché em linha branca e linha cheia e aplicações em “moiré”, onde se destaca sobre o lado esquerdo o retrato de António Sérgio. O fundo impresso em “offset”, apresenta um desenho geométrico, disposto em zona de cores definidas. O verso tem uma estampagem calcográfica a duas cores sobre fundo irisado de técnica idêntica à da frente da nota, apresentando a figura de corpo completo de António Sérgio em movimento, e no canto inferior direito três pequenos círculos destinados a possibilitar aos cegos a leitura por tacto. O papel de fabrico inglês, tem como marca de água, quando visto à transparência pela frente e do lado direito o retrato de António Sérgio e observa-se um filete de segurança de traço descontinuo. Dimensões da nota 170 x 75 mm. Foram emitidas 13 166 000 notas com as datas de 10 de Setembro de 1980 e 27 de Janeiro de 1981. Primeira emissão, 25 de Fevereiro de 1981. Foram retiradas de circulação a 30 de Novembro de 1992.
António Sérgio nasceu a 3 de Setembro de 1883 na antiga possessão portuguesa de Damão, na Índia, destacando-se como um pensador, escritor e importante intelectual. Viveu alguns anos em África onde foi influenciado pelo contacto de várias culturas. Estudou no Colégio Militar, completando o curso da Marinha de Guerra, na sequência do qual viaja para Cabo Verde e depois Macau. Aquando da implantação da República abandonou a Marinha, debruçando-se sobre o progresso económico e moral de Portugal e não tanto na questão política. A sua acção centrou-se essencialmente na problemática da Educação, pois o século XIX em Portugal foi caracterizado por reformas que raramente passaram dos textos legislativos ou declarações de intenções. António Sérgio foi Ministro da Instrução Pública durante dois meses e dez dias, no governo de Álvaro de Castro. A sua actividade cultural foi muito criativa: fundou a revista “Pela Grei”; foi colaborador da revista “Águia”, conjuntamente com Fernando Pessoa e Teixeira de Pascoais; escreveu artigos para a revista “Seara Nova”, onde contactou com Raul Brandão, Aquilino Ribeiro, etc…; foi director da “Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira”; foi dele que partiu a ideia do Cooperativismo, que se viria a revelar uma das suas obras mais significativas, nomeadamente ao nível das cooperativas de habitação; fundou a Junta Propulsora dos Estudos; criou o ensino para deficientes; fundou o Instituto Português do Cancro; e escreveu uma imensa obra teórica em grande parte compilada nos “Ensaios”. Exerceu a docência nomeadamente na Universidade de Santiago de Compostela, influenciando personagens como o arquitecto Raul Lino, o psiquiatra Barahona Fernandes, o pedagogo Rui Grácio, sendo considerado como um Educador de Gerações. Combateu o ensino baseado na memória e treinou as crianças no exercício da democracia, vendo a escola como um modelo para a sociedade. Homem de pensamento livre e democrata por convicção, António Sérgio foi preso em 1910, 1933, 1935, 1948 e 1958. Foi na prisão que encontrou a verdadeira “União Nacional” de oposição à ditadura militar, e, depois, a Salazar, ao Estado Novo e ao fascismo. Foi considerado uma das grandes figuras mentais do Portugal contemporâneo e autor de vasta e valiosa obra como: Notas sobre Antero de Quental; Educação Cívica; Considerações Histórico - Pedagógicas; Educação Profissional; O Seiscentismo; História de Portugal; Ensaios em oito volumes onde revela inigualável poder de análise; Diálogos de Doutrina Democrática, etc… Faleceu na cidade de Lisboa a 24 de Janeiro de 1969.

F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia.org António Sérgio.Lello Universal.
Outubro de 2010.


Publicado no Jornal das Caldas em 21.09.2011




Artigo 70
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda
CINCO MIL ESCUDOS
Rainha D. Leonor




Chapa 1



A primeira nota de Cinco mil escudos tem como motivos principais na frente uma efígie da Rainha D. Leonor (1458-1525), e uma alegoria da Vindima. No verso a composição da nota comporta uma vinheta representando a Caridade, duas figuras alegóricas e a cabeça em relevo da Rainha. O trabalho de fabrico das chapas e das estampagens das notas foram executados pela firma Bradbury, Wilkinson & Cº. Ltd., New Malden, Surrey de Inglaterra. Foram utilizadas duas estampagens a talhe - doce na frente da nota, onde sobressaí a efígie da Rainha D. Leonor, uma alegoria da Vindima, trabalho de torno geométrico nas orlas e florões. O verso apresenta-nos uma Vinheta representado a Caridade, com moldura de arco reproduzido na Bíblia dos Jerónimos, duas figuras alegóricas e a cabeça da Rainha, além do trabalho a torno geométrico. A zona da marca de água foi protegida por uma impressão ponteada, a duas cores de técnica tipográfica. O papel foi fornecido pelos fabricantes Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hampshire de Inglaterra, exibe numa filigrana o desenho, em perfil da Rainha D. Leonor. Dimensões da nota 195 x 125 mm. Esta nota nunca chegou a ser emitida em virtude de o Ministério das Finanças, por despacho de 5 de Novembro de 1942, não considerar oportuna a entrada em circulação de uma nota deste tipo. Por ofício nº. 1448, datado de 20 de Outubro de 1973, o Ministério das Finanças autorizou a destruição destas notas.
A Rainha D. Leonor nasceu a 2 de Maio de 1458, filha do Infante D. Fernando, duque de Viseu e Beja e de sua mulher a Infanta D. Beatriz. Casou no ano de 1470 com apenas doze anos de idade, com o Rei D. João II de Portugal, também de tenra idade, com quinze anos. Foi um casamento feliz com boas relações, não obstante o marido ter executado o seu irmão mais velho D. Diogo e mandar julgar e decapitar o outro seu cunhado D. Fernando, ambos por traição e conjura a favor dos primos Braganças. Dona Leonor foi uma das mais notáveis soberanas portuguesas de todos os tempos, pela sua vida, importância, influência, obra e legado às gerações vindouras. Fruto do seu casamento teve dois filhos, um morto à nascença e outro o Príncipe D. Afonso, herdeiro do trono, que morreu precocemente num desastre de cavalo no Vale de Santarém. Desde há muito tempo que as Rainhas portuguesas contavam com o rendimento de bens senhoriais e patrimoniais da Coroa, destinados à sua sustentação, a este património chamaram-lhe “Casa das Rainhas”, que abrangiam já uma acentuada quantidade de vilas proveniente de outras Rainhas, e ao qual o seu marido a dotou com mais bens, adicionando as cidades de Silves, Faro e terras de Aldeia Galega. Fundou a cidade de Caldas da Rainha, a qual foi também incorporada no séquito dos bens das Rainhas. Dona Leonor foi a Princesa mais rica da Europa, pois reinou no apogeu da fortuna da expansão portuguesa, quando Lisboa se tornava a capital europeia do comércio e das riquezas exóticas. Após enviuvar todas as grandes mercês que recebeu do seu marido e de seu irmão foram empregues na prática da caridade, da devoção verdadeira, no patrocínio de obras religiosas, e sobretudo e onde mais se distinguiu, na assistência social aos pobres. Foi quem fomentou, encorajou e financiou o projecto de estabelecimento de Misericórdias, por todo o reino. A rede de Misericórdias chegou até aos nossos dias, cumprindo sempre o papel social a que estava destinada. Foi regente do Reino mais de que uma vez. Retirou-se para o seu Paço em Xabregas, abandonando de vez a corte e a vida mundana. A sua obra foi notável, pois apoiou o rei D. Manuel na fundação do Hospital de Todos os Santos, considerado o melhor hospital da Europa naquela época, e esteve na origem da fundação do hospital termal da Caldas da Rainha, cuja construção e funcionamento custeou, ao qual foi dado o nome da soberana. Mandou construir no ano de 1509 o maravilhoso Convento da Madre Deus, em estilo gótico manuelino, ocupado sucessivamente por clarissas, franciscanas descalças da primeira regra de Santa Clara à qual a própria Rainha pertenceu e fez voto. Não deixou descendência. A Rainha D. Leonor faleceu no seu Paço, nos arredores de Lisboa a 17 de Novembro de 1525 onde ficou sepultada no Convento da Madre de Deus em campa rasa, num lugar de passagem, para que todos a pisassem, como gesto de grande humildade.

F I M

Bibliografia: “ O papel-moeda em Portugal”. Banco de Portugal. Wikipedia.org/Leonor Rainha de Portugal.


Publicado no Jornal das Caldas me 07-09-2011.




Artigo 69
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda


DOIS ESCUDOS

Bartolomeu Dias








Chapa 2

Esta nota apresenta na frente e em tons de azul e sobre o lado direito a efígie de Bartolomeu Dias, célebre navegador português, sobre um fundo azul-escuro; ao meio apresenta uma esfera armilar de cor alaranjada, sobrepondo-se um filete de segurança em traço descontínuo, também na vertical; um astrolábio, instrumento de marinhagem; mais para a esquerda uma faixa vertical a azul-escuro com o valor de 2000, e junto à margem a respectiva marca de água. No verso da nota tem por fundo uma réplica do mapa da região de então, (o que se conhecia e estava cartografado), onde se reconhecem a Europa, e a costa do norte de África com um pequeno esboço da costa oeste africana; uma rosa de ventos ao centro; e uma nau com as velas desfraldadas ao vento navegando sobre mar tenebroso; mais para a direita e junto à margem a marca de água. As notas de diversos tons de azul, lembram as cores do oceano, que tanto sacrifício impusera aos navegadores de então. A maqueta é de autoria de Luís Filipe Abreu, e a impressão das notas são de autoria da firma Giesecke & Devrient, da Alemanha, com um trabalho preliminar de De La Rue Giori, SA – Suíça. Dimensões da nota 140 x 68 mm. Foram emitidas 147 788 245 notas, com a data da primeira emissão de 21 de Setembro de 1995 e a última com a data de 11 de Setembro de 1997. Foram retiradas de circulação em 28 de Fevereiro de 2002.
Ver a biografia inserida na chapa 1 da nota de dois mil escudos.

F I M
Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal.
Óbidos – Outubro 2010.

Publicado no Jornal das Caldas de 07-09-2011.




Artigo 68
Centenário da Implantação da República
(1910-2010)
Numária
O Papel-moeda


DOIS ESCUDOS


Bartolomeu Dias – Cabo da Boa Esperança







Chapa 1

Foi a primeira vez que foram fabricadas notas com o valor de dois mil escudos, tendo despertado pouco interesse nos circuitos comerciais, tanto mais que ao tempo já havia a circular notas de valor mais elevado (cinco mil escudos). Não se sabe porque motivo, mas nunca mais foram emitidas notas com este valor de dois mil escudos. Foram feitas duas notas a que foram atribuídas as chapas 1 e 2, sendo o motivo principal inserido nas notas a figura do navegador português “Bartolomeu Dias”, naus, instrumentos de navegação e mapas.
A Chapa 1, tem como motivos principais na frente da nota, sobre o lado esquerdo a efígie de Bartolomeu Dias de capuz voltado a três quartos, a bandeira das quinas portuguesas, um astrolábio, que assenta sobre uma rosa-dos-ventos, e no lado direito a respectiva marca de água. No verso da nota observa-se uma reprodução de uma caravela de velas latinas sulcando os mares com forte ondulação; uma reprodução do Cabo da Boa Esperança; uma esfera armilar, e o Padrão de S. Gregório. Estas notas têm por motivo principal a celebração do feito da dobragem do Cabo da Boa Esperança, ou o Cabo das Tormentas. A maqueta é de autoria de Luís Filipe Abreu, e a impressão das notas são de autoria da firma British American Bank Note,Inc. (Canadá), com um trabalho preliminar de Komori Technology U.K. Ltª., de Inglaterra. Dimensões da nota 167 x 74 mm. Foram emitidas 104 320 00 notas, com a data da primeira emissão de 1 de Agosto de 1991 e a última com a data de 21 de Outubro de 1993. Foram retiradas de circulação no ano de 1998.
Bartolomeu Dias segundo alguns historiadores nasceu em Mirandela na província de Trás-os-Montes, pelo ano de 1450, ignorando-se a sua ascendência directa, sabendo-se que um parente seu, de nome Dinis Dias, na década de 1440 teria comandado expedições marítimas no norte da costa de África, tendo chegado ao arquipélago de Cabo Verde. Na sua juventude pensa-se que frequentou aulas de Matemática e de Astronomia na Universidade de Lisboa, habilitando-o a determinar as coordenadas de um local, tanto em tempos de tempestade como de acalmia dos mares; serviu na fortaleza de São Jorge da Mina. Capitaneou uma embarcação na expedição de Diogo de Azambuja ao Golfo da Guiné. No ano de 1486 o rei D. João II confiou-lhe o comando de duas embarcações com o intuito de saber notícias do Preste João; mas o propósito desta expedição não foi este, mas sim, o de investigar tanto quanto possível, a extensão para sul do continente africano, de forma a avaliar a possibilidade de uma passagem marítima para a Índia. No ano de 1488 com larga experiência e conhecimento da costa africana, foi o primeiro europeu a chegar ao Cabo das Tormentas, por ele baptizado, localizado a sul do continente africano, na convergência dos Oceanos Atlântico e Índico, onde as fortes correntes da costa oriental de África de águas tépidas, se encontram com as fortes correntes frias do atlântico sul, o que provoca tempestades e vendavais nunca dantes vividos e desconhecidos dos nossos marinheiros. A expedição zarpou de Lisboa em Agosto do ano de 1487, atingindo a costa da actual Namíbia em Dezembro do mesmo ano; o ponto mais a sul do continente cartografado pela expedição anterior de Diogo Cão, continuou a navegar para sul, descobriu a Angra dos Ilhéus, sendo alvo de um assalto. Sofreu um violento temporal que o desviou da costa, o qual após treze dias, ainda se debatia com ele; aproveitou os ventos de feição provenientes da Antárctica que sopravam no Atlântico sul, navegou para nordeste, redescobrindo a costa, pois aí já tinha a orientação das coordenadas, norte, sul e este, passando para além do referido Cabo das Tormentas, mais tarde rebaptizado por D. João II como o Cabo da Boa Esperança. Nesta sua epopeia, Bartolomeu Dias, foi colocando padrões de pedra nos principais pontos ao longo da costa africana, cartografou diversas baías e enseadas da costa da actual África do Sul, (de grande utilidade no futuro como portos naturais). Regressou a Portugal no fim do ano de 1488, não sendo reconhecido o seu feito, daquele que seria o futuro caminho marítimo para a Índia. Acompanhou a construção das embarcações e fez parte da esquadra de Vasco da Gama em 1499, como capitão com destino a São Jorge da Mina. No ano de 1500 acompanhou a frota de Pedro Álvares Cabral na célebre viagem em que foi descoberto o Brasil. Após esta descoberta, a frota seguiu para a Índia, acontecendo um percalço com várias embarcações, uma delas, a de Bartolomeu Dias, naufragando precisamente junto aquela que foi a sua descoberta mais famosa, “O Cabo da Boa Esperança”, tendo aí perecido, no ano de 1500. Foi um dos mais notáveis portugueses e europeus navegadores do século XV, e o foi o primeiro navegador a navegar longe da costa do Atlântico sul. Segundo carta do cronista Pêro Vaz de Caminha, “Foi o principal navegador da esquadra de Pedro Álvares Cabral, depositando nele a total confiança, em especial nas decisões quando lhas solicitavam”. Camões nos Lusíadas, a ele se refere com a dobragem do Cabo das Tormentas, verificando-se o vaticínio do Gigante Adamastor: “Aqui espero tomar, se não me engano, De quem me descobriu suma vingança…”.

F I M

Bibliografia: “O papel-moeda em Portugal” Banco de Portugal. Wikipedia.org/Bartolomeu Dias. História de Portugal Pinheiro Chagas.
Outubro de 2010.
Publicado no Jornal das Caldas em 31-08-2011.